Sabedoria Alheia
Sempre ouvi minha mãe dizer (até com um certo lamento) que “os jovens deveriam aprender com a sabedoria dos mais velhos”.
Concordo com ela, que se aprendêssemos com a experiência alheia, evitaríamos várias dores, tropeços e muitos joelhos ralados.
Também concordo que o tempo torna as pessoas mais sábias. Mas aqui, é importante definir sabedoria.
Se consideramos que sabedoria é sensatez, prudência, moderação, sim as pessoas mais velhas tendem a ser mais sábias. “Tendem”, pois certamente existem velhinhos mundo a fora, cheios de amargura, tristeza e arrependimento. Portanto, o tempo é com certeza um grande amigo, desde que se aceite tamanha amizade.
No entanto, tem um ponto nesse pensamento da minha mãe que sempre me trouxe reflexão.
Será mesmo que se ouvíssemos com muita atenção as experiências dos outros, apenas com esse exercício aprenderíamos a não errar? Considerando que cada ser é único, que temos filtros e crenças ímpares, que temos idades e mentes diferentes, seria mesmo o aprendizado tão fluido assim?
Entendo que podemos e devemos aprender com os mais velhos. Aliás, todas as vezes que me exercitei em ouvir minha mãe, as coisas ficaram menos negras para mim.
Mas também acredito que existe um aprendizado ímpar quando caímos e aprendemos a nos levantar (sozinhos!).
Às vezes quebrando a cara, achamos os caminhos. Apesar de acharmos o rumo vez ou outra, mesmo sem quebrar a cara.
Certamente, eu aprendi e aprendo sempre com minha mãe, pois ela aceitou a amizade do tempo. E me ensina muito sobre essa relação afetiva.
No entanto, também aprendi muito com os castelos que construí e com as marés que os destruíram. Isso fez das cicatrizes que fui colecionando pelo caminho a minha maior força.
Hoje, olho para mim e vejo-me um pouco mais sábia (dentro da ótica da minha mãe), mas sei também que se quero continuar nesse trem que se chama, vida, muitos castelos ainda serão desfeitos.
E talvez a maior sabedoria que eu possa ter, seja nunca desistir de construí-los novamente.
Patrícia Balbi